Dando seguimento ao exercício que busca explorar a relação entre "Espaço & Luz", alguns aspectos ficaram pendentes em termos de exercício. Pedia-se que houvesse variação da calunga e, para isso, o principal recurso utilizado foi a mudança do sentido da caixa, o que altera a relação da altura da caixa com o calunga(referência para a escala). Além disso, busquei alguns exemplos de situações reais em que a luz se mostrou como uma ferramenta essencial para a compreensão da obra arquitetônica. Dentre as observadas, algumas serviram de inspiração e, já outras, como exercício de observação e estudo. Assim, surgiram outras novas propostas dentro do contexto que se era esperado, dando seguimento ao exercício iniciado anteriormente.
Proposta 4: A principal característica dessa proposta é a não-linearidade de uma das faces. Essa se apresenta com curvas alternadas entre a parte superior e inferior. Confeccionada com papel verde claro e, pela parte externa, coberta com papel celofane também verde, servindo de filtro. O interessante dessa proposta é a forma com a luz incide sobre o "chão", de tal forma que se formam círculos, de acordo com a posição de que a luz provem. Outro aspecto que é válido destacar é a variação da sombra com a mudança da luz. Essas curvas são benéficas para conter o excesso de incidência solar ao longo do dia, sem, contudo, que seja preciso a utilização de luz artificial. Com a alteração do posicionamento da caixa, muda a forma de observar o ambiente. Se colocada de maneira horizontal, o ambiente parece mais baixo e, portanto, a escala deve acompanhar, sendo assim, o calunga menor. Já quando é mais alta, o calunga pode ser maior, pois há espaço para isso. Imagens: 1, 2, 3 (caixa no sentido horizontal) e 4,5 (caixa no sentido vertical).
1. Sombra projetada principalmente embaixo da superfície
2. Dessa maneira a sombra passa a ser circular, mas dupla também.
3. Nessa posição de luz, as sombras passam a se acumular.
4. Percebe-se a mudança do calunga, que, agora, é maior.
5. Uma parte da sombra se projeta na aresta entre o chão e a superfície lateral e a outra somente na superfície lateral.
Seguindo esse raciocínio de proposta, decidi inverter a posição da superfície curvilínea, de modo que essa, agora, se posiciona na parte externa e funciona de maneira a evitar a grande incidência solar novamente. A grande alteração dessa nova proposta para a outra é que nessa nova o formato das aberturas é, na realidade, um quadrado, que continuam de alternando. Outro aspecto de que vale a pena ser salientado é o fato de que, apesar de haver o celofane, esse perde um pouco de sua função de filtro, pois a incidência luminosa passa a não ocorrer diretamente nele. Novamente, persiste a alteração de calungas de acordo com o sentido de posicionamento da caixa. Caso essa seja horizontal, a calunga é menor e vice-versa. Imagens: 6,7,8,9 (caixa na posição horizontal) e 10, 11 (caixa posição vertical).
6. Nota-se a regularidade da alteração das aberturas.
7. A luminosidade invade através das aberturas e essas, por sua vez, geram uma sombra na parte oposta e também no chão da caixa.
8. Nesse caso, passa a ocorrer uma intersecção entre as sombras.
9. Aqui, as sombras se acumulam próximo da própria superfície em que se encontram.
10. Existe uma "fenda" entre a lateral e a base, o que faz parecer que não há ligação entre os elementos.
11. A parte superior aparece de maneira levemente curvilínea.
Proposta 5: Essa proposta apresenta como diferencial a presença de um círculo. A grande vantagem dessa figura para a iluminação é que através dele os raios solares, por exemplo, aparentam adentrar mais no ambiente. Na primeira situação o plano rosa está inclinado e, ao fim, une-se com o azul marinho. Além disso, esse círculo possui um filtro cuja cor é fruta-cor. Uma abertura leve entre as superfícies brancas e as demais transmite uma impressão de que as coloridas estão flutuando (12). Já quando se altera a posição do plano rosa, as aberturas ocorrem, além do círculo, na parte diante do olho mágico de maneira lateral, o que continua com o efeito de flutuar. Novamente, percebe-se a variação da posição da sombra (13,14).
12. A incidência luminosa faz com que pareça que as superfícies coloridas estejam flutuando.
13. A sombra projeta-se grande e sobre o calunga.
14. A aparência de desconectividade entre os planos é um efeito interessante em alguns casos.
Proposta 6: o posicionamento dos planos nessa proposta faz parecer que a caixa seja infinita. Além da abertura lateral, com papel celofane, uma tênue abertura e, consequentemente, incidência solar ao fundo da caixa faz com que essa ideia se perpetue. Quanto mais ao fundo, menor é a altura e, por isso, deve-se reduzir o tamanho do calunga. Novamente, alterando a escala. Na foto mais escura (15), há um reflexo roxo proveniente do uso do papel celofane. Isso não ocorre quando a luz se torna mais intensa (16). Quando se inverte a posição da caixa, a ideia de infinidade continua (17). A diferença, agora, é a escala do ambiente.
15. A parte lateral forrada com celofane possibilita a visualização do ambiente externo.
16. A grande incidência luminosa faz com que a caixa pareça infinita.
17. Escala um pouco maior devido a relação de altura.
Proposta 7: essa proposta é uma tentativa de utilizar uma ideia da obra do arquiteto Eduardo Souto de Moura com a obra Paula Rego Museum em Cascais, Portugal, feita em 2008 (18). A ideia que tentei reproduzir foi a da abertura quadrangular que surge de uma espécie de pirâmide (19 e 20).
18. Paula Rego Museum
19. Foto sem olho mágico
20. Foto com olho mágico. Nota-se a abertura em formato quadrangular.
Enfim, essas foram algumas das obras que observei para a realização do exercício.
21. Obra do arquiteto francês Jean Nouvel.É o Instituto do Mundo Árabe (IMA ou Arab World Institute) em Paris, França. Foi construído no ano de 1987.
21. Obra do arquiteto português Álvaro Siza. É a Fundação Iberê Camargo em Porto Alegre, Brasil. Esse é um dos corredores e a abertura é um círculo com vidro junto de uma outra abertura pequena de forma retangular.
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