Na última sexta-feira, dia 04 de
Maio de 2012, visitamos a Fundação Iberê Camargo localizada na Orla do Guaíba
na cidade de Porto Alegre. Essa visita ocorreu de maneira guiada por um
intermediador e, também, pelas professoras Daniela e Cristina, as quais faziam
constantes referências aos detalhes arquitetônicos da obra do renomado
arquiteto Álvaro Siza. Dessa forma, consegui observar o projeto e a obra, em
si, com um olhar diferente das demais vezes em que estive nesse local e isso se
deu, por vezes, de maneira espontânea e outras graças às ressalvas do guia e
das professoras. Assim, classifico a edificação como uma obra perfeccionista,
pois todos os detalhes foram planejados de maneira incansável, segundo o vídeo
exibido antes de iniciarmos a visita. Outro fator que merece destaque é a
essência da obra, uma vez que ela não ocorre de maneira singular, isolada, mas
sim de modo coletivo, porque tudo foi planejado pelo próprio arquiteto, desde
os elementos essenciais até os considerados “banais” por alguns leigos. Contudo,
a grandiosidade do espaço seria minimizado caso não houvesse essa busca pelo
perfeccionismo incansável do arquiteto. Por isso, também, a escolha de Álvaro
Siza se mostrou compatível com as obras do artista Iberê Camargo. Essa
combinação obteve um resultado fantástico, que pode ser percebido,
simplesmente, ao entrar no local. Características como o encontro dos degraus
com emendas não são ignorados por Siza e, consequentemente, mostra seu
perfeccionismo. Apesar do grande
reconhecimento pelo seu trabalho, Siza não deixou de ter algumas de suas projeções
alteradas, tais como a adição de adesivos na porta principal e de placas
universais de saída de emergência, o que mostra muitas vezes a imponência na
profissão da arquitetura. Ou seja, isso remete a uma reflexão de que um projeto
é tão vulnerável enquanto no papel quanto na execução. Siza foi contemplado
pelo sítio no qual a edificação se localiza e, inteligentemente, usufruiu desse
fator com aberturas que emolduram a cidade de uma maneira ímpar. Como se tudo
isso não fosse suficiente, o arquiteto quebra com o rigor da simetria em
algumas áreas da Fundação e, com isso, se mostra surpreendente. Por fim, a obra
é marcada pela ousadia e competência de um arquiteto, Álvaro Siza, que não se
conteve com o usual. Quiçá, portanto, seja esse o motivo pelo qual a obra não
passa despercebida pelos que percorrem a orla da cidade.
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Porta principal: adesivo adicionada altera o projeto de Siza
Vista a partir da janela.
O olhar de Álvaro Siza sob a cidade de Porto Alegre é registrado pela abertura na fachada de concreto branco.
O projeto possui uma característica interessante: há uma área em que existe uma intersecção entre a Fundação e a cidade, formando uma unidade integrada.
Fachada do prédio
Fachada do prédio com a cafeteria, ela que é, por vezes, criticada por parece díspar ao restante do projeto.
Detalhe da escada: a cada fim de degrau tem-se uma "emenda" que ocorre no mesmo local.
Placa de Álvaro Siza X Placa universal.
Foto a partir da Biblioteca da Fundação
Cadeiras, essas planejadas por Álvaro também
Abertura que está na Oficina
Escada localizada na oficina
Vista superior da oficina. Percebe-se que o local é amplo e iluminado
Corredor com incidência de luz natural
Adesivo de uma bicicleta: grande marca do artista Iberê Camargo
Saguão principal
Acesso ao museu. Essa rampa é, na verdade, o fim, segundo o desejo de Siza.
Quebra da simetria: característica inusitada da obra
Vazio entre as fachadas
A obra não pode ser considerada linear, apesar das constantes formas geométricas
Foto a partir dos fundos do terreno do Iberê Camargo